terça-feira, 12 de abril de 2011

Sala de Recuperação Contínua

Olá, xxxxxx

Trabalhei com a sala de recuperação contínua e não foi fácil. Esses alunos foram tirados de outras salas para compor essa sala. Devido a baixa auto-estima, foi necessário todo um trabalho de inclusão, primeiro eu dava somente atividades que fossem bem fáceis, que eles fossem capazes de realizar sem autonomia e depois tentava atividades mais desafiadoras. Isso porque como eles estavam em grande defasagem, já haviam passado por várias frustrações, eram resistentes para realizar atividades que exigissem um pouco mais de raciocínio.

O importante nos primeiros dias era que se sentissem acolhidos e amados. Trabalhei com eles um projeto de leitura com textos que se sabe de cor. Era um momento no início da aula que eu entregava-lhes algumas cantigas ou poesias curtas (de acordo com as dificuldades) para que lessem com seus colegas e depois viessem à frente da sala para lerem para a classe. Alguns alunos no início resistiram porque não sabiam ler, mas eu lia para eles antes o que estava escrito e como eles "sabiam de cor" perdiam esse medo. O mais gostoso foi ver o "insight", aquele momento em que descobriam que podiam ler, eu ia incentivando, dando parabéns por cada avanço.

Falando dá uma saudades imensa, mas não foi fácil, não tem como lidar com esses sentimentos dessas crianças e sair ilesa, fora que na escola não há apoio, o avanço é mínimo porque são crianças mais lentas, são as mais faltosas, com mais problemas familiares.

Tive um aluno nessa classe que jamais vou esquecer, nos anos anteriores só vivia na diretoria por indisciplina, no início ele veio titubeante, não queria participar, mas, ao ser conquistado, demonstrou todo o seu amor, chegava a se ajoelhar na minha frente para dizer o quanto me amava, isso na frente das outras crianças, era uma cena engraçada e linda que me fazia chorar. A mãe dele, na reunião de pais, não tinha palavras para expressar a gratidão.

Como é bom fazer a diferença na vida de uma criança, resgatar sua auto-estima!

Boa sorte! Há outros professores que também tiveram experiências como a minha e foram pessoas fundamentais para me dar apoio. A Neusa Drullis que o diga.

1 comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho. Ainda bem que ainda existe profissionais compromissados. Você fez a diferença na vida desses alunos.

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